Tuesday, January 17, 2017

Sobre postagem acerca de moquecas


E eis que mídia golpista subserviente pergunta em seu portal de notícias oficiais do PH qual é a melhor moqueca: BA ou ES? Bitch, please , get real!

Em um grande grupo de discursão em uma rede social, foi replicada mesma questão que a grande mídia postou hoje em seu portal de nóticias oficiais do governo do Estado: pensa em conluio, então, a mesma coisa. Pergunta no portal era:

Qual é a melhor moqueca: a ES ou BA.


E sem pensar muito, entrei de cabeça no debate. E sempre tomo precauções acerca destes debates. Tem sempre gente usando de má-fé, fugindo do tópico, sendo intolerante. Não à toa estas pessoas ficam tão mal nas redações do Enem/vestibular ou, passam mais vergonha quando têm de entregar um relatório ao chefe com uma pobreza textual que é penosa. Nem me refiro aos emails, indecifráveis. Aplicativos de mensagens gritando não com erros de escrita, mas de semântica mesmo. Mas o debate aqui não é este e sim: qual é a melhor moqueca?

Então eu repliquei a uma das pessoas que estavam no post. Já que ao apontar certos problemas no atendimento, sendo, que para comer um prato típico de uma região requer além de bons produtos, um ambiente caloroso e um exímio atendimento, logo, qual a melhor moqueca já era carta fora do baralho e eu sigo chamando atenção para outro ponto, transversal à moqueca: O conluio da mídia golpista com o atraso turístico capixaba. Nossa nova barreira verde do século XXI.

O fato de ser uma mídia tão subserviente ao capital que está por trás desta enquete, sendo ela feito aos capixabas, é que chama a minha atenção para o bairrismo que aumenta quando estas questões ressurgem de verão em verão. Incapaz de compreender o que estava falando, ela escolheu refutar minha linha de pensamento e se concentrou em entender que eu estava menosprezando, atacando, desqualificando o Espírito Santo.

A partir dai, foi a minha vez de refutar ao espaço daquela rede social e ter de recorrer ao meu canto para melhor explica-la. Caso ela queira, quem sabe ela clica n link e compreende o que estou falando. Caso não, continuo falando “para minha própria pessoa”, citando a estimada Madame Satã. Naquela rede social alguns parágrafos de pensamento já seria considerado textão. Sendo a modinha por si, imagino ser esta também uma estratégia de desqualificação do debate. Segue o que propunha lá.

- Fulana, não estou menosprezando o ES. Estou apenas sendo realista. Ou não estamos lendo a cada minuto nessa página (referência na imagem) posts que evidenciam minha fala: existe uma politica de mau atendimento aqui no ES; o que as pessoas não gostam é quando alguém evidencia isso. Ai algumas pessoas, munidas de muito bairrismo e de pouco conhecimento, falam que é desvalorizar o nosso ES. Não, não é. E quanto à moqueca, ela não é exclusividade do estado do Espírito Santo.

Sabemos que numa nação heterogênea como o Brasil, tais comidas, de origens indígenas e africanas, se repetiriam em outros territórios geográficos. Existe moqueca em tudo que é canto do Brasil. MS, RN, RS, PA e em outros estados.

Considero que quando nós capixabas sem estudos comprovados somos ‘orientandos’ por esta mídia manipuladora quando fala sobre turismo nos meses do verão apenas é que desqualificamos as belezas e potencialidades de nosso Espírito Santo.

Nós sabemos que o turismo está nas mãos de poucos empresários que já detém outros negócios em outras indústrias, o que se configura uma oligarquia. Nós nos silenciamos. Nós preferimos vir às redes sociais para debater com achismos se nossa moqueca é melhor que a baiana? São esses os ecos da ignorância que nos mantém de fora do debate turístico. Assim é que eu considero: estarmos inferiorizando nossa cultura ao compará-la com de outros estados. Cada um possui a sua particularidade. E o estado do Espírito Santo tem o seu lugar de fala dentro da unidade federativa. Mas ainda não descobriu qual é.

Aqui em nossas terras é que nos inferiorizamos ainda mais quando atendemos mal nossos clientes locais ou de fora. O capixaba, consumidor dessa mídia alienante, que se se inferioriza quando no verão só oferece quadra de escola de samba e praia. Teatros fechados, total ausência de exposições de arte e cinemas de shopping com filmes comerciais apenas? Restaurantes que insistem em fechar as portas ás 22h e não me inicie falando dos supermercados lacrados aos domingos. É isso que temos pra oferecer ao turista acostumado a viajar o mundo a nossa volta? Não falarei da praia de minério por que isso já é obvio.

Sigo defendendo ainda que somos nós, capixabas, que nos descreditamos quando não estudamos e conhecemos de fato a nossa própria cultura e gente. O currículo escolar não aborda a questão do turismo com eficiência a atender a demanda dos capixabas. Quando dizemos que se deva abordar a questão turística não me refiro apenas à cultura italiana, alemã ou pomerana – tão coberta pela mídia dominante. Igualmente branca e europeia.

Devemos igualmente abordar a questão dos indígenas, quilombolas e negros. Eis ai uma cobertura que a mídia, que se utiliza de estratagemas baratos, facilmente desmascarados quando estudamos, se aproveita e segue apagando nossa identidade.


Agora, eu sinceramente não tenho paciência para pequenos debates. Não há comparações entre estados. Seria uma ignorância contra a nossa diversidade e pluralidade nacionais. O Espírito Santo precisa é se redescobrir e o caminho não é qual é a melhor.

Quando eu saio para comer com meus amigos, o que o faço com quase frequência aqui na grande Vitória e quando viajo, acredito que estou vivenciando uma experiência. Não dá para aceitar estabelecimentos que mantém a mesma garrafa de azeite e apenas trocando o refil. Não dá para aceitar que em um quiosque de beira de praia, nosso maior trunfo no verão nacional, o peixe esteja com cara de quem saiu direto das docas da Vale do rio Doce. Muito menos podemos aceitar um que em um estabelecimento na Serra, um celular foi ‘perdido’ com uma mesa cheia de gente e somente o garçom, minutos mais tarde, afirma que o referido tinha sido entregue por outra cliente às mãos dele. Há casos de deliveries de lanches que demoraram até três horas para serem entregues. Isso apenas na área de comida. E os problemas se agigantam a uma proporção tão veloz quanto os replies dessa postagem.

Eu acredito no meu estado. Eu nasci na Pro-Matre ao lado do tradicional Colégio Salesiano. Quando cheguei de fora do país tinha um ceara de alternativas e eu escolhi voltar para o Espírito santo. Aqui sou professor do curso técnico da rede estadual. Leciono no ensino fundamental e médio. É aqui nessa terra que estudo meu mestrado na área de ciências da educação e refiz a minha vida. Lógico que o Espírito Santo cresceu nos últimos doze anos. É notável a transformação social que o trabalho e o empreendedorismo fizeram ao nosso estado. Porém não sejamos demagogos. É disso que nossa terra não precisa: mais demagogia. Restauraremos o nosso e o que podemos fazer?

Vocês empreendedores, que tal não mais sacanearem o cliente. Sejamos uma terra conhecida nacionalmente pelo nosso zelo com o outro, que não é apenas um cliente; é igual a mim e demanda um excelente serviço, pois, estamos ali ajudando o nosso estado a crescer sendo consumidores, sendo empreendedores, sendo colaboradores pagadores de impostos e, com uma economia solidária, nos mantendo longe cada vez mais distantes da dependência estatal. É disso que me refiro quando aponto sim que o debate está errado. Tolo, não é a moqueca.
Não devemos concentrar forças em descobrir qual é melhor moqueca: baiana ou capixaba quando ainda ficamos iguais a papagaios repetindo uma frase tão clichês quanto certos pontos de vista nessa postagem – que aliás nem repetirei, a frase.

Temos de ser conhecidos pela excelência e se a excelência começa por não sermos demagogos ou sonegadores de imposto, peça a nota, eu estou nessa batalha. Só não me peça para ser assaltado em silencia quando saio para ter uma experiência com os meus queridos e com a minha própria pessoa. É por muitos acreditarem que não temos o direito de gritar é que estamos indo para a ditadura do patronato. E manipulados, achamos graça. Damos risadas.
Sabe a quem serve esse bairrismo pequeno entre moquecas que nem os baianos tem interesse, já que eles têm Ivete? Não a mim e muito menos a você. Pior ainda para o Espírito Santo. Pense nisso.



Nota: De acordo com Moderna gramática portuguesa, Evanildo Bechara explica que semântica é a significação dos vocábulos que está intimamente relacionada com o mundo das ideias e dos sentimentos; “entre as ideias, entre os pensamentos não há separação absoluta, por isso que as associações se estabelecem, sem cessar de uns para outros (...)”. (p.340)

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